O que é ansiedade?

Os transtornos de ansiedade são os quadros psiquiátricos mais comuns tanto em adultos quanto em crianças. Sendo considerada uma doença crônica e incapacitante, muitas vezes subdiagnosticada, consequentemente subtratada. A maioria dos pacientes procuram atendimento médico não especializado em saúde mental, retardando o diagnóstico e tratamento da doença. Dados da Organização Mundial de Saúde mostram que no Brasil, cerca de 9,3% da população sofre com esse agravo.

Ter ansiedade é algo natural, contudo quando este sentimento prejudica as relações interpessoais, a capacidade de trabalhar e suas atividades diárias, consideramos como um transtorno. Esta interferência pode se tornar tão intensa ao ponto de paralisar totalmente a vida do indivíduo.

A pessoa com transtorno de ansiedade generalizada não é alguém que começa a se preocupar de repente, não se trata apenas de não ter paciência para esperar as coisas acontecerem, envolve inúmeros sinais e sintomas, que se não avaliados com cautela podem levar à um diagnóstico inadequado.

Na ansiedade os pensamentos não param nunca… ficam indo e vindo preenchendo todos os momentos do dia e invadem noite a dentro… parece que em sua cabeça tem uma maquinaria trabalhando. Assuntos que já deveriam ter sido encerrados retornam e se misturam com assuntos que ainda nem aconteceram, em uma confusão sem fim. 

Desconfie de seu cérebro. Percebemos a realidade através de nossos sentidos e nosso cérebro pode interpretar e processar muita coisa de maneira equivocada por não conseguir distinguir com clareza o que é real ou imaginário. Paradoxalmente não deveríamos acreditar em tudo o que o nosso cérebro nos apresenta, principalmente se considerarmos o excesso de informações que recebemos todos os dias e das mais diversas fontes. 

Cientistas da Pennsylvania State University (EUA) realizaram um estudo sobre as preocupações mais recorrentes de um grupo de pacientes e, com o passar do tempo, verificou se elas eram reais. O resultado? 91% de suas noites sem dormir foram por motivos que nunca se materializaram. Foi um sofrimento que poderia ter sido evitado, se acompanhado adequadamente por um psiquiatra. 

Se você está aqui lendo sobre ansiedade as 2 da manhã, SIM, está na hora de procurar ajuda do psiquiatra. 

O que você sente

  • Medo
  • Preocupação excessiva
  • Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele
  • Fadiga
  • Irritabilidade
  • Dificuldade de concentração ou sensação de “branco” na mente
  • Tensão muscular
  • Perturbação do sono
  • Angústia
  • Prejuízo na realização de tarefas de seu cotidiano
  • Dificuldade de concluir seus projetos
  • Esquecimentos

Além disso, a ansiedade também pode causar sinais físicos, como: tontura, desmaio, enjoo, dor no peito, sensação de perda de fôlego, sensação de sufocamento, tremores, palpitações, sudorese, arrepios, incapacidade de relaxar.

Cabe destacar, que não é necessário a presença de todos os sinais e sintomas em uma mesma pessoa, visto que cada um reage de maneira diferente.

Crises de pânico são crises de ansiedade?

As crises de pânico são crises intensas de ansiedade, quando ocorre importante descarga do sistema nervoso autônomo, que é responsável pelos sintomas de taquicardia, conhecido como batedeira no coração, e outros como suor frio, tremores, desconforto para respirar ou sensação de abafamento, náuseas, formigamentos em braços, pernas e nos lábios. 

Nas crises de pânico pode ocorrer um considerável medo de ter um ataque do coração, um infarto, de morrer e/ou enlouquecer. Tais crises são de início abrupto (chegam ao pico em 5 a 10 minutos) e tem curta duração, não mais que uma hora. São, muitas vezes, desencadeadas por determinadas condições como: aglomerações, ficar “preso” ou com dificuldade para sair em congestionamentos no trânsito, até supermercados com muita gente, shopping centers, podem soar como uma situação de ameaça.

A crise de pânico já é uma situação intensa, mas pode ocorrer crises tão intensas, em que a pessoa pode experimentar diversos graus do que chamamos de despersonalização, nesse caso a pessoa tem a sensação de a cabeça ficar leve, o corpo ficar diferente, estranhar-se a si mesmo e a pessoa acha que vai perder o controle. Pode ocorrer também de ter a sensação que o ambiente, os entes familiares, parecem estranhos, diferentes, nesse caso falamos que a pessoa está tendo uma desrealização.

Como tratar?

O tratamento da ansiedade consiste em acompanhamento profissional adequado, sendo necessário um conjunto de técnicas: psicoterapia, uso de medicamentos, grupos de apoio e psicoeducação familiar. A definição terapêutica precisa ser baseada no quadro clínico e na decisão entre médico e paciente/família.

É importante que o tratamento não seja interrompido, uma vez que, a eficácia só pode ser avaliada após algum tempo. Sendo comum, o mínimo de seis meses de acompanhamento. Além disso, os primeiros dias de tratamento podem ser difíceis devido à adaptação aos medicamentos e ao plano terapêutico, contudo, a persistência e continuidade são fundamentais para o sucesso.

Referências

Organização Mundial de Saúde-OMS. Depressão e outros transtornos mentais comuns: estimativas globais de saúde [Internet]. Genebra: OMS; 2017.

Silveira, DX. Fidaldo, TM. Manual de Psiquiatria. São Paulo: Roca, 2014.

Casseli, DDN et al. Comorbidity between depression, anxiety and obesity and treatment complications. Research, Society and Development, v. 10, n. 1, 2021.

LaFreniere, LS. Newman, MG. Exposing Worry’s Deceit: Percentage of Untrue Worries in Generalized Anxiety Disorder Treatment. Behav Ther. 2020 May ; 51(3): 413–423.

Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. 2a edição. São Paulo: Artmed, 2008.

Veja também:

Depressão – o mal do século

Transtorno Afetivo Bipolar – TAB