TDAH. Não é só estar no mundo da lua!

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é uma condição neuropsiquiátrica relacionada ao  neurodesenvolvimento,  que afeta crianças, adolescentes e adultos. De maneira geral caracteriza-se por dificuldades em manter a atenção, a  hiperatividade e a impulsividade. Estima-se que 5% da população infantil mundial sofra com TDAH, mas o diagnóstico no adulto também é um grande desafio.

Você vai encontrar aqui algumas informações que podem auxilia-lo na compreensão do que possa estar acontecendo com você ou com algum familiar, amigo ou colega de trabalho. Vou me ater a falar principalmente esta condição no adulto, ainda que muitas informações possam ser consideradas para a criança. 

O diagnóstico do TDAH é clínico, ou seja, baseado na observação dos sintomas relatados você, por sua família ou outras pessoas de seu círculo pessoal que possam contribuir. A avaliação deve ser realizada por um profissional qualificado, como um psiquiatra ou neurologista, e inclui a análise do histórico clínico do paciente, avaliação do seu comportamento e a aplicação de testes específicos, que em conjunto colaboram para definição do diagnóstico e auxiliam na  identificação de  outros diagnóstico associados. Porém leva-se em consideração não apenas a presença dos sintomas, mas também a sua gravidade e impacto na qualidade de vida da pessoa.

Os sintomas do TDAH podem variar de acordo com a idade do paciente. Crianças com TDAH costumam apresentar dificuldade em prestar atenção, impulsividade, hiperatividade e problemas de organização. Já os adultos, além desses sinais, podem apresentar dificuldades em manter o emprego, relacionamentos interpessoais além de outros problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e  insônia, que podem trazer para a pessoa sintomas muito parecidos com os do  TDAH sem ser TDAH. 

Os critérios específicos para diagnóstico do TDAH incluem 

– Desatenção, como dificuldade de manter-se focado mesmo em tarefas simples e rotineira, 

  • Cometer erros por descuido, 
  • Dificuldade em seguir instruções, 
  • Tendência a perder objetos, 
  • Esquecimento de atividades e compromissos diários, 
  • Procrastinação, entre outros. 

 

Além disso, também são considerados sintomas a hiperatividade-impulsividade, como 

  • Agitação, 
  • Dificuldade em ficar parado, 
  • Dificuldade em esperar sua vez, falar excessivamente, entre outros. 

 

É importante ressaltar que, por se tratar de um transtorno do neurodesenvolvimento, tais sintomas devem estar presentes desde a infância, ainda que o diagnóstico seja feito na idade adulta, e a pessoa deve apresentar tais sintomas em diferentes áreas da vida, como na escola, no trabalho e nas relações interpessoais. A intensidade dos sintomas podem varias de pessoa para pessoa e da fase de sua vida. 

Apesar de todas as informações e avanços no diagnóstico e tratamento do TDAH, existem diversos mitos e estigmas associados à condição. É fundamental que a sociedade esteja informada e consciente sobre o TDAH, para que haja uma maior compreensão e acolhimento das pessoas que convivem com essa condição.

Então vamos ver o que são MITO s e o que é VERDADE sobre o TDAH. 

MITO 

  • O TDAH é apenas um problema de comportamento: Muitas pessoas acreditam que o TDAH está relacionado apenas a problemas de comportamento, como falta de atenção e hiperatividade.
  • O TDAH é causado por má educação dos pais: Alguns mitos sugerem que o TDAH é causado por pais que não impõem limites adequados ou que são muito permissivos com seus filhos. 
  • O TDAH é uma desculpa para o mau comportamento: Algumas pessoas acreditam que o TDAH é usado como uma desculpa para o mau comportamento, mas a realidade é que as pessoas com TDAH muitas vezes lutam contra sintomas que estão além de seu controle.

Verdades:

  • O TDAH é uma condição real: O TDAH é reconhecido como um transtorno de saúde mental legítimo pelas Associações americana, europeia e brasileira de Psiquiatria, além de outros respeitados órgãos de saúde mental com OMS
  • O TDAH pode afetar pessoas de todas as idades: Embora o TDAH seja comumente diagnosticado em crianças, também pode afetar adolescentes e adultos. O que acontece é que o diagnóstico é feito na idade adulta, mas a pessoa tem os sintomas desde a infância. 
  • O tratamento do TDAH pode melhorar a qualidade de vida: O TDAH pode ser gerenciado com uma combinação de terapia comportamental, medicamentos e suporte educacional. Com o tratamento adequado, muitas pessoas com TDAH podem levar uma vida plena e produtiva

O que seria o tratamento? 

O tratamento do TDAH envolve uma abordagem multidisciplinar, com a combinação de medicamentos, terapia cognitivo-comportamental e orientação educacional. É importante ressaltar que o tratamento deve ser individualizado e acompanhado por um profissional de saúde especializado.

Terapia comportamental: terapias como terapia cognitivo-comportamental, terapia comportamental e terapia familiar têm mostrado ser eficazes no tratamento do TDAH. Essas terapias ajudam a desenvolver habilidades de gerenciamento de impulsos, organização, planejamento e autocontrole.

Medicamentos estimulantes: medicamentos como metilfenidato, anfetaminas ou atomoxetina são comumente prescritos para tratar os sintomas do TDAH. Esses medicamentos ajudam a aumentar a atenção, concentração e controle da impulsividade.

Terapia ocupacional: terapia ocupacional pode ser útil para ensinar estratégias de organização, tempo e gerenciamento de tarefas para pessoas com TDAH.

Educação especializada: crianças com TDAH podem se beneficiar de programas educacionais especiais que se concentram em suas necessidades específicas, como salas de aula menores, recursos educacionais adicionais e estratégias de aprendizagem individualizadas.

Suporte psicológico: o apoio psicológico, como aconselhamento individual ou em grupo, pode ajudar as pessoas com TDAH a lidar com questões emocionais, melhorar a autoestima e desenvolver habilidades de enfrentamento

A escolha de profissionais qualificado, a compreensão do quadro e a colaboração de familiares e amigos são fundamentais. Reforço que nenhum tratamento isolado apresentará resposta satisfatória.

Referências:

American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5). 5ª edição. Washington, DC: American Psychiatric Association, 2013.

Rohde LA, et al. Guia de Prática Clínica do TDAH. Associação Brasileira de Psiquiatria, 2016.

Swanson JM, et al. International consensus on ADHD. Pediatrics. 2013; 132: e 1084-1101.